A escola é o lugar onde os brasileiros afirmam sofrer mais violência racial (IPEC, 2023). Para Cavalleiro (2001), são muitas as formas de materialização do racismo na escola, e acreditamos que o material educativo se configura como uma delas. Nos livros didáticos, os corpos negros são deslegitimados da condição humana (SILVÉRIO & MONTOKANE, 2019), invisibilizados (LOPES, NETO & VALIENTE, 2022) ou até associados ao estigma da vulnerabilidade social (GONZAGA et al., 2023). Quais impactos desse cenário na construção da identidade de crianças? Quais caminhos podem ser trilhados para modificar essa realidade? A Lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro–Brasileira nas instituições escolares. No entanto, mais de duas décadas depois, ainda são muitos os desafios para promover, em sala de aula, “a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil” (BRASIL, 2003). Este minicurso tem como objetivo (re)pensar a construção de materiais didáticos no Ensino Fundamental I, fomentando reflexões e práticas voltadas à promoção de uma educação antirracista. Com duração de três horas, será voltado para professores, estudantes de pedagogia e demais interessados. Está metodologicamente dividido em três momentos: o “para refletir” promoverá um debate teórico, ao apresentar autores que fundamentam a proposta; o “o que temos visto”, contemplará exemplos em materiais educativos disponíveis. Os participantes serão provocados a pensar os elementos que contribuem para distanciar o referido material de uma prática descolonizadora; e o “o que podemos fazer?” convidará os participantes a propor atividades didáticas em diálogo com as reflexões anteriores. Pretende-se que essa iniciativa, em consonância com Gomes (2012), contribua para a descolonização dos currículos e criação de propostas pedagógicas emancipatórias.