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A relação entre o racismo estrutural e território no Brasil constitui um drama histórico e social. A historiografia evidencia que a Lei de Terras de 1850 é um marco importante nas discussões que ainda hoje realizamos no âmbito do planejamento urbano e regional. Essa lei impediu qualquer forma de acesso à terra que não fosse por meio do mercado impactando diretamente a sobrevivência da população empobrecida da classe trabalhadora. Após a abolição da escravidão, em 1888, vastas camadas de ex-escravizados e seus descendentes não foram integradas à nova ordem nascente – capitalista e industrial. Em termos territoriais, nas cidades, à população negra/ “amefricana”, nos termos de Lélia Gonzalez, foram reservados os chamados espaços residuais, como cortiços, ocupações em morros e terrenos suburbanos irregulares. No campo, um contingente de pessoas vivera à margem da "legalidade" da terra, ocupando áreas devolutas que hoje passam por reconhecimentos como quilombos ou terras indígenas.
O objetivo deste Grupo de Trabalho (GT) é discutir os territórios da população negra e “Amefricana” no Brasil. O conceito de território é aqui adotado de forma ampla, contemplando não apenas seu aspecto material, mas também simbólico. A perspectiva teórica parte de autores e autoras como Milton Santos, Abdias do Nascimento, Florestan Fernandes, Clóvis Moura, Lélia Gonzalez, Antônio Bispo do Santos, Carolinas Maria de Jesus, Frantz Fanon, Achille Mbembe, Sueli Carneiro, Maria Aparecida da Silva BentO, Paulo Freire, Petronilha Beatriz Gonçalves Silva, Kabengele Munanga, Sidney Chalhoub entre outros/as, que fundamentam essa discussão.
O GT pretende acolher trabalhos que abordem:
• os territórios quilombolas e suas experiências de resistência à ordem capitalista;
• os territórios urbanos – comunidades que sofrem com a ausência de políticas públicas que garantam o direito à cidade e à moradia digna;
• o racismo ambiental, evidenciado em grandes tragédias dos últimos anos.
Além desses eixos, o GT também acolherá trabalhos que problematizem o território para além de sua dimensão puramente “material”. Serão bem-vindas produções que explorem experiências nos chamados
• “territórios virtuais” (como as redes sociais);
• “territórios socioeducativos” e territórios simbólicos de luta contra o racismo.
O GT adequa-se a proposta do Colóquio Raça e Interseccionalidades, pois entende que a reflexões devem estar além da teoria. Trata-se de conhecer práticas sociais cotidianas que operam como formas de resistência. É necessário pensar e agir por meio de estratégias diversas para transformar uma sociedade que ainda mantém discursos e práticas racistas. Isso exige construir diálogos plurais, conectados com o legado de lutas que se faz presente em todos os espaços e territórios de vivência. O público-alvo são pesquisadores das áreas de Ciências Sociais, Direito, História, Geografia, Gestão Pública/Planejamento Urbano e Regional, Educação, bem como membros de movimentos sociais e lideranças comunitárias.

Palavras-chave: Territórios; Questão racial; Quilombolas; Comunidades urbanas; Outras territorialidades.

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