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A Educação é um campo complexo, marcado pela participação de múltiplos sujeitos e interesses, sobretudo quanto aos posicionamentos políticos no interior da escola. No âmbito da Educação Básica, a escola, de acordo com Saviani (2018) deve ser espaço para aquisição de saberes ofertados de forma democrática, sendo ela, portanto, ambiente tradicional de onde partem as práticas e as reflexões sobre o ensino para todos os indivíduos que potencialmente venham a ocupar os bancos escolares. É nesse sentido que a escola, para Freire (2021) é espaço adequado à organização de grupos historicamente oprimidos, de modo a munir esses indivíduos de saberes para sua organização social, com vistas de sua libertação social. Em especial, no que se refere às questões pedagógicas no campo das relações étnico-raciais, a escola pode exercer um papel fundamental no enfrentamento do racismo e na promoção de uma educação comprometida com o acolhimento da diversidade (Hooks, 2017) e com o fortalecimento da democracia (Saviani, 2018).
Para que isso ocorra, torna-se imprescindível refletir criticamente sobre as práticas pedagógicas e curriculares que, tradicionalmente, têm reproduzido desigualdades e invisibilizado a contribuição dos povos indígenas, das populações negras e de outros grupos humanos historicamente apagados e marginalizados. Ainda, torna-se importante mostrar exemplos de ações que são praticadas por docentes/pela comunidade escolar, com vistas do acolhimento do público plurirracial que ocupa a escola básica, pois, tais ações ocorrem em diferentes geografias e autarquias, que urgem ganhar visibilidade no ambiente acadêmico. Assim, o presente Grupo de Trabalho propõe-se a reunir pesquisas, experiências pedagógicas e reflexões teóricas do campo de áreas como a das Artes, das Letras e da Matemática que discutam como as relações étnico-raciais vêm sendo abordadas no contexto escolar da Educação Básica, buscando evidenciar práticas que contribuam para a construção de uma educação antirracista, democrática e socialmente comprometida. Esse cenário acolhe o giro epistêmico assumido em Giraldo e Fernandes (2019), encarnado como desobediência político-epistêmica que invoca uma inversão nos protagonismos de narrativas hegemônicas na formação de professores, subvertendo histórias oficiais apresentadas como opções únicas e afirmando narrativas de coletividades, de corpos e de sabedorias invisibilizados pela colonialidade. Conforme afirma-se em Matos e Quintaneiro (2019), entendemos que interpelar, politicamente, a literatura atual de formação de professores, expondo suas possíveis frestas, possibilita a delimitação de outros lugares de resistência para a afirmação da profissão docente.
Pretende-se promover um espaço de diálogo interdisciplinar, que acolha diferentes abordagens teóricas e metodológicas, considerando as intersecções entre raça, classe, gênero (Gonzalez, 1984) e território, bem como as políticas públicas e as resistências cotidianas no interior das escolas. O Brasil, país rico em cultura e em formação étnico-racial distinta torna-se um lugar fecundo para práticas pedagógicas pautadas em diferentes realidades. Quanto a isso, é urgente, ainda, a consideração da multiculturalidade agregada ao público escolar, cuja “história oficial” da harmonia entre as raças (Freyre, 2019) ainda causa desequilíbrio na estrutura pedagógica que comumente rege os espaços escolares.

Palavras-chave: Antirracismo; Práticas pedagógicas; Relações étnico-raciais,: Interseccionalidade; Formação de Professores.

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