Asante (2009) convoca a todas (os) nós a pensarmos em pedagogias afrocentradas para que povos africanos e descendentes do continente, sejam vistos como sujeitos e agentes da própria imagem e donatários dos legados cultural, científico e epistemológico, que fazem parte da evolução do mundo. Em consonância com Asante, Ferreira (2016) defende o registro de narrativas de professores(as) e alunas(os) negras(os), como sendo uma estratégia de cura contra os ataques racistas que insistem em fazer parte do currículo pedagógico, cujo modus operandi é o mesmo da casa grande-senzala: menosprezar a intelectualidade dos negros(as) e, dessa forma, mantê-los(as) em lugar de submissão a uma branquitude escravocrata. Martins (2024; 2025), por sua vez, aponta que a formação docente tradicional tem invisibilizado emoções e identidades étnico raciais, de classe e de gênero, assim como os atravessamentos estruturais que impactam diretamente na prática docente e na forma como professores/as negras/os se sentem no exercício do ensino. Melo (2022) usa seus textos para denunciar mídias e instituições que através do discurso, violenta; humilha e imobiliza gerações de estudantes que precisam proteger a vida, como quem está constantemente sob suspeita de um crime: ser preto(a). Barros (2024) tem chamado atenção das comunidades negras escolares, para que elas não caiam em um golpe neoliberal de emudecimento, que foi elaborado a partir da metáfora cruel “eles mal falam português, quiçá inglês”. A autora argumenta que o sujeito ‘eles’ no dito popular, é um indivíduo racializado e marcado por uma classe social silenciada, desde o direito de falar a própria língua para gritar suas dores, até o acesso a uma língua estrangeira que pode vir a promover a mobilidade social e acadêmica. Ditosamente, estamos vivendo esse momento em que podemos ler e acessar esses (as) teóricos(as) negros(as) que orientam as nossas escolhas didáticas, para que possamos subverter a lógica epistêmica branco-cêntrica dominante e, consequentemente, as salas de aulas poderão se tornar em espaços políticos de valorização dos conhecimentos ancestrais e diaspóricos. Destarte, por acreditar que a escola e a universidade precisam ser os órgãos que devem romper com a racialização do aprendizado de línguas (linguagens), este simpósio pretende acolher propostas de práticas (universitárias; escolares e comunitárias) que têm se mostrado eficientes, no tocante a combater o racismo linguístico; projetos de aulas de línguas consonantes com a Lei n. 10.639/2003; atividades que foram pensadas a partir da construção de repertórios linguístico associados a corporeidade das pessoas e de seus contextos históricos-sócio-cultural. Sendo assim, pretendemos que esse encontro seja uma partilha de performances que promovem uma educação transgressiva e, acaba por causar uma mudança de lugar dos aprendizes que foram colocados na periferia acadêmica, mas não irão permanecer na condição de Negro Limitado (Racionais MC’s, 1993). Nesta direção, serão bem-vindas todas as ações desenvolvidas a partir da compreensão de que é necessário um projeto político linguístico que emancipe os(as) estudantes pretos(as), para que eles/elas ocupem lugares de poder (Gomes, 2017), sem que seja imperioso submeter a própria negritude a caprichos de uma Academia mimada, que insiste em permanecer branca, elitista e colonial.
Palavras-chave: Racialização; Práticas Afrocêntricas; Línguas(gens); Conhecimentos ancestrais; Poder.


