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As relações interseccionais (gênero, raça, classe, idade, entre outras) vêm sendo colocadas em pauta bem antes do termo interseccionalidade (K. Crenshaw) surgir. Críticas feministas negras, como Lélia Gonzales, b. hooks, Audre Lorde e Angela Davis, levantaram questões sobre a mulher negra em situações de tratamentos desiguais devido ao gênero, raça e classe. Embora o feminismo negro seja acolhedor para todas as mulheres, Patricia Hill-Collins, tanto quanto Audre Lorde em seu poema "Who Said It Was Simple", reiteram a interseccionalidade perpassando os corpos de mulheres negras de forma não sentida por algumas mulheres, principalmente as brancas. Para Collins (2019), a interseccionalidade dentro da comunidade negra não significa o mesmo com "parâmetros brancos-masculinizados de validação epistemológica".
Continuamos a discutir a desigualdade estrutural, muitas vezes enraizada em sistemas históricos de opressão, moldando a experiência de milhões de pessoas. A interseção entre gênero e raça amplifica os desafios enfrentados por grupos historicamente invisibilizados, que frequentemente enfrentam obstáculos adicionais na busca de oportunidades, reconhecimento e igualdade de tratamento.
A interseccionalidade será por nós usada considerando outras epistemologias: epistemologias de resistência e resiliência do Sul Global aplicadas também aos subalternizados do Norte Global, incorporadas na vivência dos colonizados, próximas ao pensamento das críticas feministas negras. A desigualdade de gênero, quando combinada com disparidades raciais, de classe, etarismo, entre outras, resulta em experiências únicas que exigem atenção específica.
Para nós, professoras de literatura, as artes desempenham papel crucial na promoção da reflexão sobre equidade, oferecendo espaço multifacetado para explorar, questionar e desafiar as normas sociais. Neste Grupo de Trabalho (GT) abrigamos trabalhos sobre expressões artísticas brasileiras e internacionais, marcados pela potência poética de pessoas que, apesar da sociedade ter aberto portas dos mercados editoriais, ainda conseguem pouco publicar e ter o alcance devido de seus trabalhos.
As principais editoras do Brasil têm a maioria dos romances e autores publicados como homens brancos heterossexuais. Não é diferente com os narradores e personagens nesses livros: o perfil padrão se mantém como homens cisgêneros, brancos, urbanos, heterossexuais, sem deficiências, não gordos, não pobres. Mesmo quando pessoas escritoras de outras etnias, orientações sexuais e classes socioeconômicas publicam, sempre em menor número, estão longe de usufruir dos mesmos privilégios.
Este GT propõe reflexões no terreno das intersecções entre gênero e raça nos textos literários e demais expressões artísticas, explorando como esses temas se entrelaçam para dar forma a narrativas diversas e significativas, desafiando normas sociais e promovendo representatividade. O GT objetiva discutir trabalhos onde essas pessoas-personagens-autor@s, por intermédio de textos literários, apontam como, apesar de historicamente marcados por "rejeição" social, encontram-se ou não alijados de determinados direitos devido à ausência de políticas públicas que entendam a interseccionalidade e suas múltiplas pautas.

Palavras-chave: Gênero; Literatura; Raça; Interseccionalidade.

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