A abordagem decolonial, que também é interseccional, está se tornando cada vez mais relevante no meio acadêmico, enfatizando a importância de acolher narrativas, culturas e subjetividades que foram historicamente excluídas em relação aos grupos dominantes. De maneira similar, as perspectivas discursivas, influenciadas por contextos específicos que sustentam a luta de classes e determinam discursos (Pêcheux, 2014), requerem novas abordagens epistêmicas. Neste cenário de disputas narrativas, que variam entre saberes e poderes (Foucault, 2011), expressões linguísticas e imagéticas (Rancière, 2009), surgem como ferramentas de dominação ideológica (Saffioti, 2004) em vários aspectos. A intrincada natureza do discurso visual (Maingueneau, 2005) se opõe às performances de gênero (Scott, 1986; Butler, 2003), na libertação de corpos e identidades, reforçando a necessidade de reconfiguração de discursos por meio de uma perspectiva não hegemônica (González, 1984; 1992). Afinal, reconhece-se que a hegemonia tende a silenciar as diversidades, impondo violências simbólicas. Portanto, é vital investigar quais linguagens, de forma dissonante e politizada, contribuem para a afirmação das subjetividades, considerando as alternativas que existem e podem ser vislumbradas nesse cenário. Assim, neste Simpósio, como espaço de debate acadêmico, são esperadas propostas de comunicação, em diversas áreas de uma prática educacional que humaniza (Cândido, 2003), por meio de uma leitura crítica do mundo (Freire, 1996), seja na Literatura, Cinema, Teatro, Música ou outras diversas manifestações de linguagens interartes, intertextuais e interdiscursivas, que podem ajudar na construção de percepções sensíveis sobre as autorias femininas – assim como as questões de gênero (Moraga; Anzaldúa, 1981) e suas interseccionalidades (Akotirene, 2019) (Collins, 2019) – dentro do contexto dos estudos decoloniais (Lugones, 2014) na Améfrica Ladina (González, 2020). Desse modo, este espaço poderá se tornar um convite à reflexão sobre as condições materiais e históricas decoloniais, fundamentais para a inclusão de determinados grupos por meio dessas linguagens e reflexões, buscando resistência contra uma tendência de homogeneização e, consequentemente, promovendo uma educação antirracista (hooks, 2017).
Palavras-chave: Literatura; Escrita feminina; Interseccionalidade; Memória; Ancestralidade.


