Nos últimos anos é crescente o número de intelectuais negras que vêm se deslocando do lugar de objeto de validação de pesquisas alheias para serem sujeitos de sua escrita. Junto a esta desobediência epistêmica, definida pelo grupo Modernidade/Decolonialidade como o movimento contra-hegemônico de pensar a partir de um “lugar outro”, estas intelectuais trazem para a academia maneiras outras de se fazer pesquisa, na contramão de definições engendradas por padrões coloniais que objetivam demarcar quem pode ser considerado pesquisador/pesquisadora. A presente proposta de sessão temática apresentada pretende discutir modos insurgentes de fazer e pensar metodologias de pesquisas concluídas ou em andamentos de mulheres negras, rompendo com as ideias e instrumentos científicos onde mulheres e homens negros são objetos e não agentes de transformação social. Nesse sentido, buscamos conjecturar pesquisas que apresentem caminhos metodológicos que transgridam ao “modus operandi qualitativo/quantitativo”, bem como a ideia de imparcialidade/neutralidade na investigação. Objetivamos então, com a construção desta sessão temática, reunir trajetórias pessoais que se constituíram como trajetórias políticas, a partir de uma perspectiva subjetiva que se faz coletiva, priorizando a escrita negra em primeira pessoa que, como nos coloca Conceição Evaristo (2020), não é uma escrita narcisística, pois não é uma escrita de si que se limita a história de um eu sozinho. Assim, apresentamos a escrevivência como método, como “rota de escrita que visa romper as amarras das estruturas acadêmicas” (Felisberto, 2020). Nesta esteira, Walsh (2005) corrobora com este deslocamento epistêmico, ao afirmar que é preciso romper com a lógica colonial acadêmica e garantir outras formas de se fazer pesquisa. destacando que a decolonialidade, enquanto perspectiva teórica, viabiliza as lutas contra a colonialidade a partir das pessoas, das suas práticas sociais, epistêmicas e políticas.
Palavras-chave: Mulheres negras; Escrevivência; Metodologias.


