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Historicamente, por muito tempo, o sistema educacional brasileiro ignorou a significativa população afrodescendente do Brasil, assim como as contribuições científicas, culturais, econômicas, históricas e sociais destes e dos africanos. Moldado numa perspectiva eurocêntrica – sistema educacional que marginaliza e exclui as narrativas, subalternizando ou usurpando as produções de conhecimento dessas populações.
Enquanto isso, desde a dita abolição, a população negra brasileira tem lutado e atuado pelo acesso à educação escolar e pela participação ativa nela. Com a fundação do MNU – Movimento Negro Unificado – em 1978, discussões e diretrizes desencadearam demandas e debates no cenário nacional, junto a outros movimentos sociais contra hegemônicos, culminando na proposta da lei 10.639/03. Promulgada em 2003, essa legislação alterou a LDB, estabelecendo na Educação Básica a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira (Brasil, 2003), constituindo um marco legal fundamental para reestruturar o ensino no que diz respeito à incorporação e valorização das contribuições culturais e históricas africanas. Nessa perspectiva, busca-se uma educação antirracista por meio de praxis pedagógicas incorporadas a todas as áreas do conhecimento que promovam uma educação efetivamente comprometida com as lutas contra as iniquidades sociais inerentes às relações étnico raciais e suas interseccionalidades, bem como, reconhecer ou legitimar os saberes negros apropriados pelo grupo hegemônico ou eurocêntrico. No caso da matemática, embora, trabalhos tanto da Etnomatemática, como de Matemática Afrocentrada, assim como de Ensino de Matemática têm apontado possibilidades em uma perspectiva decolonial e antirracista, a aplicação da lei 10639 e de metodologias antirracistas, ainda não é uma realidade, mas bem um desafio. Isso porque, os espaços de poder limitam e inibem a disseminação dessa temática. Assim, faz-se necessário discutir e apontar caminhos para o estabelecimento de metodologias e de currículos escolares na vertente de uma matemática decolonial, contra colonial e/ou afrocentrada. E analisar outras formas de pensar e interpretar o mundo, bem como os aspectos presentes nas nossas raízes culturais africanas, para conhecer os valores que alicerçam a forma como elas interpretam o mundo. Neste sentido, a proposta deste grupo de trabalho é trazer para o debate pesquisas e discussões que versem sobre: a) abordagens relativas às mudanças curriculares que buscam romper com a tradição eurocêntrica enraizada nas escolas; b) discussões sobre as leis 10.639/2003 e 11.645/2008; c) explanações concernentes à letramento matemático e iniciativas no campo da matemática escolar que tenham um viés pela Etnomatemática ou pela Matemática Afrocentrada; d) análises de livros didáticos e paradidáticos relativos à matemática; e) resgate de saberes e fazeres matemáticos de comunidades específicas; f) metodologias e experiências em contextos particulares para o ensino de matemática a partir da afrocentricidade; g) investigações de saberes e fazeres próprios de culturas não hegemônicos, que possibilitem evidenciar/reconhecer/legitimar/valorizar os saberes matemáticos distintos do ocidente moderno; enfim, investigações que apontem e veiculem propostas e recursos para superar a colonialidade e o racismo no meio escolar, relativos aos diversos grupos étnicos africanos, afro-brasileiros. Os trabalhos podem apresentar estudos não apenas inerentes ao Brasil, mas, também, investigações no âmbito dos demais países do continente americano e da África.

Palavras-chave: Etnomatemática; Matemática afrocentrada; Lei 10639/03; Matemática decolonial; Educação antirracista.

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