Tendo no horizonte o compromisso social e político que, em nosso ponto de vista, é indissociável do fazer científico, propomos uma segunda edição do Grupo de Trabalho “Discurso, Direitos Fundamentais e Luta de Classes”. O objetivo é promover, novamente, um espaço de discussão que possibilite dar visibilidade a discursos que movimentam diferentes (e divergentes) sentidos sobre direitos fundamentais, raça, gênero e classe, atentando para a interseccionalidade entre estes eixos. Consideramos os direitos fundamentais como direitos humanos e adotamos a classificação de Bonavides que os considera em cinco dimensões. A primeira dimensão refere-se aos direitos de liberdade e compreende direitos civis e políticos. A segunda dimensão corresponde aos direitos de igualdade, abrange direitos sociais, culturais e econômicos. A terceira dimensão diz respeito aos direitos de fraternidade ou solidariedade, de titularidade coletiva. A quarta dimensão corresponde aos direitos à democracia, pluralismo e informação. E na quinta dimensão temos o direito fundamental à paz. Com esta abordagem, entrelaçamos conhecimentos da área das Ciências Jurídicas e da área das Ciências da Linguagem, buscando compreender os eixos discurso, direitos fundamentais e luta classes nas práticas sociais. Procuramos problematizar, refletir e contribuir para a compreensão de funcionamentos discursivos que movimentam sentidos de desigualdade/subordinação, (in)visibilização e menosprezo aos direitos fundamentais e suas relações interseccionais. Em uma dinâmica social ainda fortemente afetada por saberes e sentidos representativos da extrema-direita brasileira, dedicamos especial atenção para os direitos fundamentais com o objetivo de compreender como são entendidos e significados no dia a dia, em práticas que negligenciam, ofuscam e apagam a garantia mínima necessária para que o sujeito (re)exista de forma digna. Assim, tratar de direitos fundamentais é atentar para diferentes dimensões da vida social: dignidade; (des)igualdades de raça/etnia, gênero, classe, deficiência; trabalho; educação; saúde; nacionalidade; identidade/pertencimento; direitos políticos; democracia; (des)informação; meio ambiente; etc. Nesse panorama, desejamos somar diferentes olhares para objetos simbólicos diversos que permitam pensar sobre como esses direitos se realizam na vida cotidiana de brasileiras e brasileiros, como são significados em relações sociais conflituosas, antagônicas, marcadas por desigualdades, injustiças e violências. Também compõem esse panorama de observação, como um contraponto, olhares para o ressurgimento dos direitos fundamentais em processos discursivos de resistências, reexistências e sobrevivência. Dessa forma, são bem-vindos trabalhos que abordam os eixos temáticos que dão título a este GT a partir de diferentes perspectivas teóricas. Entendemos, pois, que diante de temas públicos emergentes, nossa função social, enquanto pesquisadoras/es e profissionais da área das Linguagens e da Educação, está em desfazer as evidências de um texto compreendendo a complexa teia que engendra os processos de produção de sentidos. Ao discutir o papel da linguagem, podemos contribuir para a compreensão do processo de discursivização das relações de força que estruturam o “edifício social brasileiro” e perpassam os modos de significação dos direitos fundamentais.
Palavras-chave: Discurso; Direitos Fundamentais; Luta de Classes; Interseciconalidades.


