Quais possibilidades as literaturas e a poesia racial e etnicamente vinculadas abrem à formação docente no âmbito da formação de leitoras e leitores e escritoras e escritores no contexto da educação básica? Como pensar as interseções entre a educação artística e para as relações raciais no trabalho com a educação básica em interseção com a formação docente? Estas são algumas das perguntas que têm mobilizado nosso trabalho desde a proposição do projeto de extensão universitária Fórum Ambulante, de 2019 até agora. Este trabalho de aproximação do trabalho com as linguagens artísticas racial e etnicamente concebidas na formação docente para o trabalho com a educação básica compreendeu também a vigência do Subprojeto Interdisciplinar de Residência Pedagógica em Arte-educação, nos termos do edital 24/2022 da CAPES, entre 2022 e 2024. Desde então temos preconizado que as concepções, tanto de arte quanto de educação, fossem formuladas segundo outros saberes, ou de forma sensível a uma concepção não-ocidental, múltipla e contracolonial. Arte e educação são compreendidas como projetos em disputa, lugares nos quais concepções hegemônicas vêm sendo interrogadas a partir de epistemologias diversas, que desafiam narrativas coloniais, evocam sujeitos silenciados e formas outras de aprender, ensinar, amar, viver. Nesse sentido, a arte potencializa a formação docente, pois toca em dimensões fundamentais da aventura humana de ser e estar no mundo. As experiências desenvolvidas nos projetos citados, envolvendo as literaturas e a poesia racial e etnicamente vinculadas, demonstram que a formação no exercício das leituras e escritas, podem configurar-se como práticas de resistência e na produção de futuros radicalmente diferentes. Ou seja, nos apontam a necessidade de abordagens voltadas à criatividade e imaginação como atos de insurgência ética/estética/política, capazes de possibilitar a construção de outros cenários mais justos e democráticos, de uma perspectiva racial. Esse diálogo vem sendo alicerçado com autoras e autores que, de maneiras diversas, contestam o legado colonial, tais como bell hooks (2013), Antônio Bispo (2023), Achille Mbembe (2018), Zulma Palermo (2014) e Alessandra Simões (2022). Propomos este grupo de trabalho mobilizados por dois objetivos primários de: (1) oferecer um espaço de diálogo com pesquisadoras e pesquisadores diretamente envolvidas e envolvidos com a formação docente para o trabalho com as literaturas e as poesias negra e ameríndia para a arte-educação e (2) aprofundar o trabalho que temos desenvolvido até aqui, por meio de contato com outras experiências neste domínio, priorizando o debate e a produção coletiva. É nosso interesse receber trabalhos, apresentações de projetos, estudos de caso, relatos de experiência, entre outras possibilidades de contribuição que coloquem em perspectiva desde metodologias e práticas mais assertivamente situadas na sala de aula até reflexões de ordem mais estrutural, que pensem, por exemplo, em projetos pedagógicos e currículos.
Palavras-chave: Arte-educação; formação de leitores; formação de escritores; formação docente; relações étnicas e raciais.


