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Este Grupo de Trabalho (GT) propõe promover o diálogo entre trabalhos que se debruçam sobre práticas discursivas relacionadas à presença, resistência e produção intelectual de mulheres negras em espaços de produção de saberes diversos no campo dos estudos da linguagem. Gomes (2018) observa que tem crescido, nas últimas décadas, a presença de intelectuais-ativistas negras no ensino superior e na pesquisa científica brasileira. A pesquisadora destaca que entrada desses sujeitos nos espaços acadêmicos potencializa a pluralização epistêmica, ao mesmo tempo em que revela as estruturas racistas e sexistas que ainda sustentam a universidade brasileira. Isto porque os espaços acadêmicos têm sido historicamente marcadas pela predominância de uma intelectualidade branca e masculina, conforme é observado nos quadros docentes e nos produções científicas (Gomes, 2018). Este espaço tende a reproduz lógicas coloniais que operam por meio do silenciamento, da deslegitimação e da invisibilização de sujeitos, práticas e epistemologias negras. Pensadoras como bell hooks (1995) propõem a noção de “conhecimento corporificado e localizado”, que se opõe à suposta neutralidade e objetividade da ciência moderna, defendendo um conhecimento que emerge das experiências corpo-sensoriais e das realidades sociais vividas pelas mulheres negras no sistema-mundo da colonialidade. Conforme aponta a autora, este conhecimento é legitimo e deve-se descontruir noções estereotipadas acerca da mulher negra e sua incapacidade de ser intelectual. Como analisado por Kilomba (2019), os saberes produzidos por mulheres e homens negros seguem sendo desqualificados nos espaços institucionais, em razão das relações de poder racializadas que estruturam o campo científico. Esse processo de negação do valor intelectual da população negra é caracterizado por Carneiro (2005) como uma forma de epistemicídio, que combina a desqualificação epistêmica com a negação ontológica. Trata-se da consolidação de um sistema de conhecimento fundado na ideia de que apenas determinados sujeitos, homens brancos, são legítimos portadores da razão, da universalidade, da objetividade e da verdade científica. Dessa forma, é urgente e necessário discutir a relevância da atuação de intelectuais-ativistas negras, bem como suas contribuições para a descolonização do pensamento, a democratização do saber e a construção de uma justiça cognitiva (Nogueira, 2014). Este GT convida pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas que se debrucem sobre essas temáticas a partir de diversas abordagens discursivas, interseccionais e transdisciplinares. Serão acolhidos trabalhos que analisem os efeitos dos discursos sobre as práticas de apagamento, resistência e reexistência, com ênfase na produção de conhecimento crítico, situado e transformador. O público-alvo inclui professoras/es, pesquisadoras/es, pós-graduandas/os e ativistas envolvidos/as com os debates sobre discurso, democracia, antirracismo e interseccionalidade. O GT busca consolidar um espaço de partilha e articulação de saberes insurgentes, comprometido com práticas intelectuais e políticas que desafiem a lógica colonial, promovam a valorização das epistemologias negras e contribuam para a transformação social por meio do discurso.

Palavras-chave: Intelectuais negras; Produção de saberes; Discurso; Interseccionalidade; Justiça cognitiva.

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