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Este minicurso tem como objetivo refletir sobre a tradição brancoeurocêntrica da escrita acadêmica, usada como ferramenta de controle epistêmico no ambiente universitário e mantenedora da colonialidade do saber. Visa propor alternativas discursivas para uma escrita descentralizadora da epistemologia branca, tida como referência de todo saber produzido academicamente. Segundo Patricia Hill Collins, as mulheres negras ocupam o lugar de outsider interna, isto é, “uma forma peculiar de marginalidade que originou uma perspectiva específica das mulheres negras em uma série de temas” (Collins, 2019, p. 51). Essa posição também se refere a qualquer pessoa negra em espaços onde não é vista como pertencente. Interseccionalmente, essa condição produz pontos de vista distintos e ampliados. É dessa posição que pesquisadoras(es) negras(os), em formação, constroem suas produções, frequentemente atravessadas por imposições epistêmicas sustentadas pela “tradição de escrita acadêmica”. Tal contexto gera danos à formação, adoecendo ou minando o desenvolvimento desses sujeitos. Nesse sentido, este minicurso propõe a pensar: como existir epistemicamente numa academia branca em termos de escrita? Quais os custos simbólicos de adotar escritas que descentralizam o pensamento brancoeurocentrado colonial? A partir da intelectualidade negra, africana e diaspórica, considera-se a possibilidade de insurgência epistêmica por meio dos diversos gêneros textuais no espaço acadêmico brasileiro. Inspirado em autoras e autores como Audre Lorde, Patricia Hill Collins, Grada Kilomba, Nêgo Bispo e Beatriz Nascimento, dentre outras(os), para exemplificar essa prática decolonial de escrita, propõe-se a apresentar o que defino, com base no termo bantu Zanga, como Escritas Zangadas, expressão cunhada em minha tese para nomear minha escrita acadêmica e construir um projeto discursivo acadêmico. Com debates teórico-práticos, propõe-se experimentar formas de escrita que dialoguem com epistemes negras, descentralizando a hegemonia branca e promovendo um ambiente acadêmico cuja confluência de saberes seja possível sem as lógicas coloniais.
Regime de escrita; Epistemicídio; Liberdade acadêmica; Discurso; Intelectualidades negras.
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