Esta proposta insere-se nas discussões contemporâneas sobre o ensino de línguas estrangeiras, com ênfase no Alemão como Língua Estrangeira (DaF), articulando os aportes da decolonialidade, da interseccionalidade e das escrevivências como caminhos para uma prática pedagógica crítica, situada e antirracista. Parte-se do reconhecimento de que o ensino de alemão, em suas bases epistemológicas e materiais didáticos, ainda opera fortemente a partir de uma lógica eurocentrada, muitas vezes desconsiderando os marcadores sociais de diferença como raça, gênero, classe e territorialidade.

Com apoio teórico nos estudos da colonialidade do saber (Quijano), na crítica da modernidade ocidental (Grupo Modernidade/Colonialidade, Walsh, 2009), nas epistemologias negras, nos estudos afrodiaspóricos (Evaristo, 2008;2020, Gonzalez, 1984;1988, Kilomba, 2020) e nas pesquisas do GEPELAB (Grupo de Estudos e Pesquisa no Ensino de Língua Alemã no e do Brasil / Sampaio, 2020;2024, Grilli, 2020; Puh, 2020, 2021 ), a proposta busca refletir sobre os impactos da colonialidade no ensino de línguas e apresentar experiências pedagógicas que operam deslocamentos – por meio da escuta, da representação e da criação de outras narrativas no ensino de DaF.

Serão apresentadas práticas e sequências didáticas inspiradas nas escrevivências e na escuta sensível das trajetórias de aprendizes racializados (Santos, Maior & Mello, 2024), propondo um ensino comprometido com a justiça social e com a formação docente crítica (hooks, 2013; Collins &Bilge, 2021; Crenshaw, 2016). A proposta também visa provocar o campo de ensino de alemão (DaF/Z) a repensar suas epistemologias, currículos e materiais a partir de uma perspectiva interseccional e decolonial.

A partir de uma abordagem dialógica, o trabalho convida à reflexão coletiva sobre como ensinar e aprender alemão em territórios marcados por desigualdades estruturais – com foco no Brasil – pode se tornar um gesto de reexistência e possibilidades.