top of page

Este Grupo de Trabalho parte da premissa de que o “internacional” não está desvinculado das dinâmicas raciais, mas é estrutural e intrinsecamente moldado por tais lógicas. Afinal, a própria ideia de raça ultrapassa as fronteiras nacionais, porquanto ela está profundamente interligada aos principais processos transnacionais da história moderna – incluindo o sequestro, o tráfico e a escravização de povos africanos, as políticas de imperialismo, as lutas pela abolição e contra o apartheid, a consolidação dos direitos humanos como discurso legitimador das intervenções das grandes potências no Sul Global, as políticas de combate ao terrorismo no século XXI etc. (Thompson, 2017). Contudo, os estudos focados no “internacional” têm, sistematicamente, apagado os legados coloniais, as hierarquias étnico-raciais e os saberes e fazeres de sujeitos, grupos e povos racializados nos cânones de diversas disciplinas das Ciências Sociais e Humanas – como Relações Internacionais, Direito Internacional Público, Ciência Política, História, Políticas Públicas, Sociologia, entre outras. Isso ocorre porque a matriz de pensamento ocidental é caracterizada, historicamente, por epistemologias euro-estadunicêntricas (Grosfoguel, 2016) e imaginários sociopolíticos de uma branquitude que marginaliza as vozes, conhecimentos e agências afrodiaspóricas (Kilomba, 2019). Neste contexto, compreendemos que a diáspora afro-atlântica emerge não apenas como um fenômeno internacional caracterizado pelo deslocamento físico de pessoas africanas através do Atlântico e de outras regiões do mundo, mas, também, como um espaço de produção de conhecimento, resistência (Gilroy, 2001; Butler, 2020) e (re)imaginação do “internacional”. Diante disso, o GT busca reunir estudos teóricos, empíricos e metodológicos que dialoguem com a ideia do “internacional” a partir de uma variedade de olhares teóricos afrodiaspóricos, como a teoria crítica da raça, os debates anticoloniais, pós-coloniais, decoloniais e contra-coloniais, os feminismos negros, as filosofias africanas, o afropessimismo, o afrofuturismo, a perspectiva da afrocentricidade etc. Ao se engajar com experiências atravessadas pelos processos de racialização (que, inclui, pessoas indígenas, negras, quilombolas, entre outras), este GT convida pesquisadores(as), docentes, estudantes e ativistas de movimentos sociais a debaterem criticamente as formas pelas quais sujeitos afrodiaspóricos produzem conhecimento, tensionam estruturas e narrativas hegemônicas e concebem modos “outros” de estar, ver e sentir no mundo. Nosso intuito é criar um espaço acolhedor e plural de escuta, aberto a diálogos intergeracionais, interseccionais e transversais que surgem das experiências e agências afrodiaspóricas.

Palavras-chave: Internacional; Processos transnacionais; Legados coloniais; Hierarquias étnico-raciais; Diáspora afro-atlântica.

  • Instagram
  • Facebook
  • Youtube

© 2026 Coloquio de Raza e Interseccionalidades. Creado con orgullo con Wix.com

bottom of page