A realidade do mercado de trabalho brasileiro evidencia a centralidade do racismo e do sexismo na definição dos lugares ocupados por mulheres negras: informalidade, subempregos, falta de acesso à posições de liderança, invisibilidade institucional e violência simbólica marcam essas trajetórias. No entanto, também emergem formas de resistência, construção de redes de apoio, empreendedorismo, formação política, iniciativas de inclusão, entre outras práticas que desafiam as lógicas hegemônicas e colocam em evidência potencialidades, engenhosidades na construção de carreiras e articulações coletivas nos modos de estar nos diversos contextos laborais. Esse GT tem como objetivo congregar pesquisas (concluídas ou em andamento), iniciativas do terceiro setor e dos movimentos sociais, práticas organizacionais da iniciativa privada e de órgãos públicos voltadas à inclusão qualificada de mulheres negras no mundo do trabalho, colocando em debate as experiências, desafios e potencialidades dessas trabalhadoras. Esse encontro visa promover um espaço multidisciplinar de intercâmbio entre produção acadêmica, experiências profissionais e práticas sociais que contribuam para a superação das desigualdades estruturais que atravessam as trajetórias laborais de mulheres negras no Brasil. A proposta se ancora em abordagens interseccionais que articulam os marcadores de raça, gênero e classe, considerando o modo como essas categorias se imbricam na produção e manutenção das desigualdades no campo do trabalho. Diálogos com os estudos feministas negros (como os de Lélia Gonzalez, Patricia Hill Collins, bell hooks e Sueli Carneiro), a sociologia do trabalho crítica e os aportes decoloniais sustentam a análise da marginalização das mulheres negras nos espaços produtivos e da negação sistemática de oportunidades de ascensão e reconhecimento. Além disso, o GT se propõe a valorizar epistemologias negras e saberes oriundos de experiências comunitárias, militantes e territoriais que oferecem respostas concretas à exclusão e à precarização laboral. O GT acolherá trabalhos que abordem temas como políticas públicas de inclusão, programas corporativos de diversidade racial e de gênero, trajetórias de ascensão profissional, experiências em coletivos, organizações sociais ou políticas, iniciativas de empregabilidade e formação técnica, além de pesquisas acadêmicas que problematizem a inserção laboral da mulher negra em diferentes contextos. Esse GT é voltado a pesquisadoras(es), profissionais, ativistas, estudantes, lideranças de movimentos sociais e integrantes de instituições públicas ou privadas interessados na promoção da equidade racial e de gênero no mundo do trabalho. Espera-se atrair participantes de diferentes áreas do conhecimento (como sociologia, educação, administração, psicologia, direito, políticas públicas e ciências sociais aplicadas), bem como pessoas envolvidas em práticas organizacionais e políticas de inclusão da mulher negra a fim de ampliar vozes em prol da equidade racial e de gênero no mundo do trabalho.
Palavras-chave: Trabalho; Mulheres negras; Resistências; Práticas organizacionais; Políticas públicas.


