Apesar dos avanços das pesquisas no campo dos Estudos Surdos, ainda persistem lacunas epistemológicas que demandam abordagem contracolonial e interseccional. Nosso Grupo de Trabalho propõe a construção de um espaço coletivo de reflexão, escuta e articulação entre pesquisadoras e pesquisadores negros, pessoas surdas, indígenas, quilombolas, pessoas LGBTQIAPN+, ativistas dos Estudos Surdos e demais interessadas/os nas intersecções entre raça, gênero, surdez e educação para pessoas surdas. A proposta busca ampliar os horizontes das discussões acadêmicas e políticas em torno das múltiplas identidades e vivências que atravessam esses sujeitos, contribuindo para a construção de uma educação mais crítica e plural. Entre os temas de interesse, destacam-se: a interseccionalidade entre raça, surdez e gênero, com ênfase na experiência de mulheres negras e surdas; a constituição dos sinais em contextos étnico-raciais brasileiros; a contracolinialidade; o ensino de línguas e literatura para surdos em uma perspectiva afrocentrada; o currículo e a formação de professores, tradutores e intérpretes de Libras; a construção da língua de sinais em contextos onde não há acesso às questões de raça e gênero, como em famílias ouvintes com crianças surdas; o ensino de Libras; a inclusão e a acessibilidade; a educação afrocentrada; e a migração surda. O nosso objetivo é fortalecer os diálogos interseccionais e promover práticas pedagógicas e políticas públicas que valorizem a diversidade de saberes e sujeitos envolvidos no campo da educação para a pessoa surda; contribuir para a reversão do quadro de discriminação racial e de gênero entre falantes de línguas de sinais; Ampliar a discussão a partir do discurso e da linguagem em estudos que envolvem o ensino e a língua de modalidade visuo-gestual em suas variadas performances e corpos enunciadores.Para tanto, é fundamental reconhecer que as práticas pedagógicas voltadas à educação de pessoas surdas também devem dialogar com os marcos legais que promovem a equidade racial e cultural no espaço escolar. A inserção dos elementos relativos à história da África e cultura africana e afro- brasileira no currículo é necessária para a retomada dos elementos presentes na Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Trata-se então de desestabilizar os modelos epistemológicos dominantes (GOMES, 2012) descontruindo visões que estigmatizam o negro. O currículo é formador de identidades e por isso os conteúdos que o compõem devem refletir a valorização das nossas origens. Os processos sociais externos materializam-se na escola por meio do currículo (GOODSON, 2007) proporcionando uma relação direta entre processos socialmente vividos pelos sujeitos e a suaformação educacional/acadêmica.
Palavras-chave: Surdez; Raça; Gênero.


