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Nas últimas duas décadas, o ensino superior no Brasil passou por transformações significativas, muitas delas relacionadas a políticas públicas que buscaram - e ainda buscam - incentivar, ampliar, fortalecer e consolidar a democratização da universidade em nosso país. O Programa Universidade para Todos, ProUni, criado em 2004, contribuiu para o ingresso de muitos brasileiros de baixa renda no ensino superior privado. Já o programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o REUNI, implementado em 2007, aumentou consideravelmente o número de vagas nas universidades federais. Associadas a essas ações, considerando que a maior parte da população pobre brasileira se declara preta em estatísticas oficiais, leis e propostas antirracistas no contexto brasileiro, conquistadas após anos de luta por parte de agentes vinculados ao movimento negro, foram fundamentais para aumentar a presença de seus corpos e de seus saberes em nossas universidades. A primeira delas, a Lei 10.639/03, substituída 5 anos depois pela Lei 11.645/08, efetivou alterações no texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) relacionadas à obrigatoriedade do estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena. Além disso, a Lei 12.711, de 2012, conhecida como Lei de Cotas, determinou que 50% das vagas ofertadas por universidades federais sejam destinadas a alunos oriundos do ensino médio público e distribuídas proporcionalmente entre estudantes de baixa renda, pretos, pardos e indígenas, conforme a percentagem de cada um desses grupos na composição populacional do estado em que se localizam as instituições. Natural que seja, esses corpos e mentes negras que passaram a ocupar espaços e posições que lhes são de direito contribuíram para a pluralização do saber universitário e para novos movimentos de interação, integração, embate e conflito nesse ambiente. Consoante a isso, iniciativas arrojadas de cunho antirracista, materializadas em práticas pedagógicas diversas e diversificadas; projetos e programas de extensão; grupos, coletivos e ligas de pesquisa, de trabalho e de ativismo social; eventos de integração, compartilhamento de experiências e debate sobre a temática racial; entre outras possibilidades; passaram a compor o contexto universitário brasileiro e a nele se fortalecerem com vistas a combater o racismo entranhado em sua estrutura. Este grupo de trabalho, portanto, busca promover o compartilhamento de experiências educacionais antirracistas exitosas relacionadas ao acesso ao ensino superior por parte da população preta de nosso país e suas posteriores atuação e permanência no contexto universitário, levando em consideração todas as mudanças e contribuições que sua presença é capaz de nele acarretar. Além disso, sob o viés da Linguística Aplicada, ele também pretende refletir sobre as dinâmicas discursivas envolvidas nas práticas a serem compartilhadas, na tentativa de melhor compreender como essas ações antirracistas desestabilizam dinâmicas de poder historicamente estabelecidas na instituição, bem como de buscar caminhos para outras possibilidades inovadoras de agência na universidade.

Palavras-chave: Antirracismo; Ensino superior; Universidade; Acesso; Democratização.

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