Desde 2016 e principalmente a partir de 2018, no processo de eleições presidenciais que resultou na eleição, para presidente da república, de um representante da extrema-direita em nosso país, temos vivenciado o fortalecimento do fascismo, do racismo e de ataques sistemáticos à institucionalidade democrática. Nesse contexto, a linguagem assume um papel crucial, pois, por meio de atos de fala ofensivos (Butler, 1997), por exemplo, temos observado a circulação de políticas de desafetos (Borba, 2022), por um lado e por outro, através de usos estratégicos e mandingueiros da linguagem (Muniz, 2021), temos acompanhado práticas discursivas de reexistência (Souza, 2011). A linguagem em uso tem sido objeto tanto no campo das análises discursivas quanto pragmáticas. A pragmática linguística tem como objeto de pesquisa o estudo da construção dos sentidos considerando os atos de linguagem dos sujeitos e as condições de produção desses atos. No Brasil, há pelo menos duas décadas, esta perspectiva analítica da linguagem tem vivenciado – principalmente graças aos efeitos perlocucionários das releituras da produção de J. L. Austin acerca do performativo (Rajagopalan, 2010) – grandes inovações que tem possibilitado a proposição de várias agendas de pesquisa relacionando os estudos sobre discurso e performatividade ao campo dos Estudos das Relações Étnico-Raciais. (Alencar, 2022; Bonfim, 2016, 2022; Melo; Jesus, 2022, 2023; Muniz, 2009, 2016, 2021; Nascimento, 2019; Nascimento; Windle, 2022, Pinto, 2015 entre outras/os). Nesse sentido, este GT tem como objetivo reunir apresentações que, partindo de uma perspectiva pragmático-discursiva, abordem temas/problemas no âmbito das práticas de reexistência por parte dos sujeitos ditos subalternos. Serão acolhidas apresentações que, alinhadas ao eixo temático “Discurso e democracia, antirracismo”, focalizem processos de construção, negociação ou reinvenção de identidades raciais no tocante a evidenciar esses usos táticos (Certeau, 2012) da linguagem.