Este Grupo de Trabalho propõe um espaço de reflexão e debate sobre as coleções de Arte Africana presentes em museus brasileiros e internacionais. Serão acolhidos trabalhos que investiguem as trajetórias dessas coleções, suas formas de aquisição, os critérios curatoriais que orientaram sua incorporação aos acervos e as políticas museológicas envolvidas em sua exibição. O enfoque decolonial é central, com ênfase na crítica aos silenciamentos e invisibilidades impostos historicamente a sujeitos e práticas artísticas africanas e afrodiaspóricas. O GT busca reunir pesquisas que analisem criticamente o lugar da Arte Africana nas instituições museológicas, suas relações com os processos coloniais, pós-coloniais e os desafios contemporâneos relacionados à restituição de objetos, à ressignificação das exposições e à valorização de expressões artísticas especialmente, não europeias. Serão bem-vindos também estudos que articulem essas questões a temas como religiosidades de matriz afro-brasileira, identidade negra, antirracismo e representatividade. A proposta deste Grupo de Trabalho é motivada pelas reflexões desenvolvidas no grupo de pesquisa certificado pelo IBRAM Museus, Patrimônios Artísticos e Diversidades, voltado à análise crítica de coleções museológicas sob as lentes das questões étnico-raciais, decoloniais e de representatividade. Destaca-se, nesse contexto, o projeto MNBA/CNPq “60 anos da Coleção de Arte Africana do MNBA”, que investiga o papel dessa coleção no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), criado em 1937 com raízes na antiga Academia Imperial de Belas Artes e historicamente pautado pelos cânones da arte europeia.
A aquisição, em 1963, de uma coleção de 112 peças de Arte Africana representa uma inflexão simbólica na trajetória institucional do museu, que atualmente passa por um processo de revisão conceitual e museográfica orientado por uma perspectiva crítica e decolonial. Refletir sobre essas coleções significa ampliar o conceito de arte, reconhecer novos sujeitos do fazer artístico e questionar as estruturas eurocêntricas que ainda sustentam grande parte das práticas museológicas.
Em um cenário internacional marcado por reivindicações sociais e políticas pela descolonização dos museus e do patrimônio cultural, incluindo a restituição de objetos sagrados e a contestação de símbolos coloniais, torna-se urgente repensar os significados atribuídos a essas coleções. O exame crítico desses acervos, sejam eles abrigados em museus de arte, história ou etnografia, permite tensionar narrativas hegemônicas, valorizar o patrimônio artístico negro e reconhecer os africanos e afrodiaspóricos como protagonistas da criação simbólica e estética.
Inserido na linha temática Discurso, democracia, antirracismo e movimentos sociais, este GT acolhe pesquisas e relatos de experiências que abordem a arte e a cultura como formas de ação política no enfrentamento ao racismo estrutural. Propõe-se, assim, um espaço de diálogo interdisciplinar sobre as disputas simbólicas e materiais que envolvem as coleções de Arte Africana, articulando contribuições da museologia, história da arte, antropologia, estudos culturais e epistemologias negras e decoloniais.
Palavras-chave: Arte Africana; Museus; Descolonização; Afrodiaspóricos; Patrimônio Cultural; Representatividade; Interseccionalidade.


