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Este Grupo de Trabalho propõe uma intersecção entre a Análise de Discurso Materialista (AD) e os Estudos Decoloniais. Ele se destina a pesquisadores, estudantes e profissionais da Linguística, Análise de Discurso, Ciências Sociais, Psicologia, Antropologia, Educação, Estudos Culturais e áreas afins, interessados na intersecção entre linguagem, poder, subjetividade e decolonialidade. Seu objetivo central é desenvolver ferramentas teórico-metodológicas para compreender como as formações discursivas, em suas dimensões material e simbólica, perpetuam a colonialidade. Além disso, busca destacar a urgência de uma escuta clínica atenta aos processos de subjetivação impactados por práticas coloniais e decoloniais, visando a desconstruir discursos hegemônicos, fomentar práticas de resistência e cuidado, bem como refletir sobre (im)possibilidades de mudanças. A AD, no Brasil, é profundamente enraizada nas contribuições de Michel Pêcheux, e articula uma base marxista-althusseriana com a psicanálise lacaniana e a linguística saussuriana. Pêcheux via o discurso não como uma mera representação transparente da linguagem, mas como um processo sócio-histórico atravessado pela ideologia e pelo inconsciente. A teoria do sujeito, ligada ao conceito de interdiscurso e à psicanálise, revela como os indivíduos são interpelados e assujeitados por formações ideológicas. A dimensão psicanalítica, por sua vez, expõe como os dizeres são marcados por falhas e silêncios que bordeiam o não-dito e o recalcado. Paralelamente, os Estudos Decoloniais surgem como práticas políticas e críticas contundentes à modernidade eurocêntrica e à persistente colonialidade do poder, do saber e do ser. Baseados em pensadores como Aníbal Quijano, Walter Mignolo e Catherine Walsh, esses estudos propõem a desconstrução das estruturas coloniais que subsistem mesmo após o fim do colonialismo formal. A decolonialidade busca desnaturalizar funcionamentos ocidentais, valorizando a pluralidade de epistemologias e subjetivações historicamente silenciadas, para além de análises de conteúdos. Uma articulação entre a AD e os Estudos Decoloniais é, portanto, potente e necessária. Ambas as abordagens se preocupam com as relações de poder e a construção de sentidos. A AD, ao implicar as formações discursivas, oferece ferramentas para analisar a materialização da colonialidade nos discursos, que impõem processos de identificação a partir de ideologias coloniais e silenciam posições divergentes. A noção de interdiscurso, por exemplo, permite rastrear a persistência de discursos coloniais ao longo da história. A psicanálise na AD é fundamental para entender como a colonização afeta a constituição subjetiva. Vemos isso em autores como Frantz Fanon, Lélia Gonzales, Grada Quilomba, Nelsa Santos Souza, Isildinha Nogueira e Gabriel Tupinambá. Assim, a AD contribui para desnaturalizar discursos coloniais, expondo sua arbitrariedade. Por sua vez, os Estudos Decoloniais enriquecem a AD ao incorporar as perspectivas dos subalternizados, as epistemologias do Sul global e as lutas por autonomia. Essa interseção aprofunda a compreensão da linguagem como um campo de disputas onde se constroem e desconstroem narrativas sobre identidade e história. O GT pondera, ainda, sobre a centralidade de uma escuta clínica para as subjetividades decoloniais, defendendo uma psicanálise que possa compreender os impasses subjetivos gerados pela colonialidade, que acolha narrativas de dor, resistência e ressignificação: enfim, uma escuta que reconheça a potência de subjetivações em desconstruir discursos coloniais.

Palavras-chave: Análise de Discurso Materialista; Decolonialidade; Psicanálise; Subjetividade; Escuta Clínica.

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